A Escassez de Motoristas no Transporte Rodoviário de Cargas: Causa, Impactos e Caminhos para Mitigação

O transporte rodoviário de cargas sustenta majoritariamente a matriz logística nacional. Estima-se que quase 60% das movimentações de produtos e mercadorias no Brasil utilizem o transporte rodoviário.

Contudo, o setor vive constantemente as dificuldades crescentes relacionadas à escassez de Motoristas no Transporte de Cargas Rodoviárias. Estima-se ainda que, na última década, o Brasil tenha deixado de repor 1,2 milhão de caminhoneiros, segundo levantamento da Senatran. Esse déficit afeta a matriz logística em vários aspectos, como produtividade, segurança e, principalmente, a criação de cenários que gerem atratividade para o surgimento de novos candidatos a motoristas.

Esta análise busca trazer para pauta as causas principais dessa dificuldade, seus impactos operacionais e financeiros, bem como possíveis caminhos na Gestão de Risco capazes de mitigar as principais particularidades do ecossistema logístico.

1. Causas da escassez de motoristas de cargas rodoviárias

a) Envelhecimento da força de trabalho

Uma análise da empresa ILOS mostra que, de 2014 a 2024, houve queda de cerca de 20% no número de motoristas habilitados — de 5,5 milhões para 4,4 milhões. Adicionalmente, o percentual de motoristas com mais de 60 anos praticamente dobrou nesse período. Além do envelhecimento da mão de obra ativa, que naturalmente sai do mercado, há a não entrada de novos motoristas, possivelmente pela falta de atratividade atual no transporte rodoviário brasileiro.

b) Baixa atração de jovens e novos profissionais

É alarmante saber que apenas 4% dos motoristas de caminhão no Brasil são jovens. Claramente, a profissão perdeu apelo entre as gerações mais novas, principalmente devido às informações correntes do mercado que retratam condições adversas de trabalho, jornadas extenuantes, distância da família e riscos constantes nas estradas.

c) Aposentadoria massiva e saída voluntária

Estima-se que mais de 37% dos motoristas autônomos se aposentem até 2026. Isso reforça a estrutura do problema e evidencia a necessidade de tratar a situação como algo real e como uma tendência clara de não reposição ou disponibilidade de mão de obra.

d) Fatores da não atratividade da profissão “Motorista de Caminhão”

Baixa remuneração, alta exposição a riscos, jornadas longas, infraestrutura rodoviária precária (falta de pontos seguros de parada e descanso), insegurança nas estradas e inexistência de benefícios mínimos que transmitam ao motorista a percepção de que as empresas cuidam do bem-estar da profissão. Falta também uma relação de parceria e um ecossistema de fidelização entre empresas e motoristas.

2. Impactos da escassez: riscos para a operação logística

a) Aumento de custos operacionais

Com poucas opções de mão de obra disponível, cria-se um ambiente de pressão nas transportadoras, resultando em aumento de custos. As empresas frequentemente elevam salários e concedem bonificações para atrair ou reter motoristas. Isso pressiona as margens de retorno da operação e mantém o setor em um estado constante de emergência.

b) Maior risco operacional

Devido à escassez, as empresas acabam enfraquecendo seus critérios de seleção e contratando profissionais menos experientes, o que aumenta a exposição a riscos operacionais.

c) Impactos no cumprimento de prazos

A falta de motoristas provoca dificuldades operacionais na estruturação das rotas de transferência e distribuição das transportadoras. Esse cenário compromete o cumprimento de prazos de entregas, coletas e retornos, expondo as empresas a penalizações contratuais junto aos clientes.

d) Exposição a contingências regulatórias

A própria Lei do Motorista é um exemplo de responsabilidade e controle que as transportadoras precisam estar estruturadas para cumprir. Muitas, porém, não têm condições para isso e ainda enfrentam a falta de mão de obra. As que avançaram sem base estrutural adequada acabaram sofrendo prejuízos por não conformidade legal, resultando em multas, embargos e processos trabalhistas.

3. Como o Gerenciamento de Risco pode reverter (ou atenuar) essa realidade

As dificuldades podem ser geridas a partir do entendimento, por parte das transportadoras, de que a Gerenciadora de Risco pode apoiá-las nesses processos. Essa parceria proporciona condições para mitigar as diversas regras e desafios do atual mercado de transporte rodoviário.

Conclusão

A escassez de motoristas de cargas rodoviárias é um dos riscos mais estruturais enfrentados atualmente pelo transporte brasileiro. É um desafio que não cabe apenas ao RH ou à área operacional — exige uma abordagem sistêmica e preventiva.

No contexto desse risco, o gerenciamento bem feito de pessoas e processos é o grande diferencial competitivo. Empresas que se anteciparem, construírem estratégias de retenção e atração e monitorarem a performance estarão menos vulneráveis diante das crises que se aproximam.

Na Skymark, podemos construir com você essa arquitetura de mitigação e suporte — desenhando políticas, sistemas de monitoramento e execução contínua para que o déficit de motoristas não se transforme em um colapso logístico.