Lei do Motorista e Compliance Operacional: Desafios e Soluções de Gerenciamento de Risco

Este boletim analisa os principais gargalos práticos de compliance regulatório gerados pela lei e propõe estratégias de Gerenciamento de Risco regulatório e operacional, com foco em equilibrar segurança, legalidade e eficiência nas operações logísticas.

A Lei nº 13.103/2015, conhecida como Lei do Motorista, representou um avanço significativo na humanização da profissão de motorista de transporte rodoviário de cargas, ao estabelecer regras claras sobre jornada, descanso e condições de trabalho.

Contudo, sua aplicação integral tem se mostrado um desafio operacional para muitas transportadoras, especialmente em um cenário marcado pela escassez de motoristas, infraestrutura precária e insegurança nas rodovias.

Lei do Motorista: Impactos Positivos e Desafios

Quando analisamos na prática o trabalho dos Motoristas Rodoviários de Carga no regime de agregados e autônomos no Brasil, observamos que não existe, por parte de quem utiliza (embarcadores e transportadoras), uma gestão efetiva quanto à aplicação das regras relacionadas à Lei 13.103/2015.

Dessa forma, o que ocorre de fato é o controle apenas sobre os motoristas do regime de frota. Ao analisarmos sinistros de trânsito, observa-se que, muitas vezes, os descansos previstos na Lei 13.103/2015 não foram cumpridos.

A Skymark desenvolve junto aos seus clientes ações de mitigação dos riscos correlacionados a esse tema, com base no “Projeto Segurança Rodoviária – Risco de Acidente”.

Corroboração substancial ao projeto Skymark: dados recentes de fiscalização e debates oficiais mostram alto índice de descumprimento e governança insuficiente no mercado, especialmente entre agregados e autônomos. Para manter-se aderente após as decisões do STF (2023), é necessário elevar o nível de gestão contratual, investir em tecnologia e intensificar a fiscalização em campo. Fonte: Página GOV

Panorama da Lei do Motorista

A Lei estabelece requisitos como períodos mínimos de descanso interjornada, pausas obrigatórias na direção, implantação de Pontos de Parada e Descanso (PPDs) e controle rigoroso de jornada.
Quando aplicada corretamente, a norma contribui para reduzir acidentes relacionados à fadiga e melhorar as condições de trabalho dos motoristas.

Porém, na prática, grande parte das transportadoras e embarcadores ainda não executa uma gestão efetiva dessas regras, especialmente em operações com motoristas agregados e autônomos. Falta estrutura de governança, tecnologia adequada e fiscalização ativa para garantir o cumprimento das exigências legais.

A Skymark desenvolve junto aos seus clientes ações de mitigação dos riscos correlacionados com este assunto, com base no “Projeto Segurança Rodoviária – Risco de Acidente”.

Relatórios recentes de órgãos fiscalizadores e debates públicos confirmam o alto índice de descumprimento da legislação, reforçando a necessidade de aprimorar o nível de gestão contratual e de monitoramento em campo, principalmente após as decisões do STF em 2023, que reforçaram a obrigatoriedade da conformidade plena.

Principais Desafios de Conformidade

a) Infraestrutura rodoviária insuficiente

Apesar da exigência legal, o Brasil ainda carece de PPDs adequados e seguros em número suficiente. A ausência de locais apropriados leva motoristas a pararem em pontos perigosos ou a violarem a lei para cumprir prazos de entrega.

b) Custos e reorganização operacional

Reestruturar escalas, prazos e turnos para atender à legislação implica aumento de custos e redução de produtividade, especialmente em cadeias logísticas de alta demanda.

c) Monitoramento em tempo real

Cumprir a lei exige acompanhamento minuto a minuto das jornadas, descansos e paradas. Isso demanda sistemas integrados de rastreamento, análise de dados e atuação preventiva e ininterrupta por parte das Gerenciadoras de Riscos.

d) Fiscalizações e penalidades

A ausência de registros precisos ou falhas de controle documental podem gerar multas, processos trabalhistas e danos reputacionais. O risco jurídico é proporcional à falta de governança.

e) Segurança e eficiência operacional

Com a escassez de motoristas, as transportadoras se dizem pressionadas a ampliar jornadas e reduzir pausas, comprometendo a segurança. Essa troca entre produtividade e conformidade legal precisa ser tratada com políticas de Gerenciamento de Risco e planejamento estratégico.

Aplicação do Gerenciamento de Risco para atingir conformidade

Para que a Lei do Motorista deixe de ser um “peso operacional” e se transforme em um pilar de sustentabilidade e segurança, a Gestão de Riscos deve atuar de forma estruturada e contínua:

a) Diagnóstico regulatório e análise de lacunas

Mapear falhas entre a operação atual e os requisitos da lei, identificando vulnerabilidades, passivos e pontos críticos.

b) Reengenharia de processos operacionais

Redesenhar rotas, escalas e janelas de entrega conforme os limites legais de jornada e descanso, assegurando produtividade sem violar a legislação.

c) Sistemas integrados de monitoramento e telemetria

Utilizar tecnologias de rastreamento integradas com soluções que registrem automaticamente eventos, emitam alertas de descumprimento e atuem em tempo real, correlacionando não conformidades e medidas de correção imediata.

d) Treinamento e conscientização dos motoristas

Capacitar condutores sobre a importância das pausas, com foco em motoristas agregados e autônomos — com apoio da Gerenciadora de Risco.

e) Auditoria contínua e controle documental

Estabelecer rotinas de auditoria interna para validar conformidade, identificar exceções e manter registros consistentes, criando rastreabilidade jurídica.

f) Flexibilidade contratual e planejamento preventivo

Revisar contratos logísticos para gerar aderência com tolerâncias realistas e margens operacionais que permitam ajustes sem comprometer a segurança dos motoristas.

Conclusão

A Lei do Motorista é um marco no transporte rodoviário de carga brasileiro, mas sua efetividade depende de gestão operacional, investimento em tecnologia e Gerenciamento de Risco.
A falta de gestão do ecossistema que envolve as regras da lei traz riscos financeiros e operacionais e desmotiva os motoristas.

Executar um Gerenciamento de Risco regulatório robusto é essencial para que as empresas operem dentro da lei, preservem vidas, fortaleçam sua imagem institucional e mantenham a competitividade.

A Skymark Gerenciamento de Riscos atua como parceira estratégica nesse processo, apoiando transportadoras e embarcadores na construção de processos inteligentes, tecnologia integrada e cultura de conformidade sustentável.