Gestão de Risco no Transporte de Rodoviário de Cargas: Análise Comparativa entre Motoristas de Frota, Agregados e Autônomos no Brasil

O presente Boletim apresenta uma análise comparativa sobre o risco operacional no transporte rodoviário de cargas no Brasil, considerando as categorias de motoristas de frota, agregados e autônomos.

A pesquisa foi conduzida pela Skymark Gerenciamento de Riscos, com base em dados de seis clientes com operações distintas no período de janeiro a agosto de 2025. O estudo busca compreender a relação entre o nível de gestão e a ocorrência de sinistros e não conformidades (NCs), destacando o impacto econômico e humano decorrente das falhas operacionais. Os resultados apontam que o controle operacional estruturado e o investimento em gestão de risco são fatores determinantes para a redução de incidentes e para a sustentabilidade das operações logísticas.

Documento Elaborado pela Área de Gestão Operacional da SkymarkBoletim 3 – Outubro de 2025

Introdução – gestão de risco e segurança no transporte rodoviário de cargas no Brasil

O transporte rodoviário é o principal meio de escoamento de cargas no Brasil, representando mais de 60% da matriz logística nacional. Essa predominância traz desafios significativos, especialmente no que tange à segurança, à conformidade e à mitigação de riscos. A ocorrência de sinistros, falhas operacionais e acidentes nas rodovias gera impactos financeiros e sociais expressivos. Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF, 2025), as causas humanas permanecem como o fator predominante nos acidentes, reforçando a importância da gestão ativa e do monitoramento constante. O presente estudo visa analisar comparativamente o desempenho e o nível de risco das três categorias de condutores existentes, frota, agregados e autônomos que compõem a base operacional do transporte rodoviário de cargas brasileiro. O objetivo é identificar padrões de comportamento, vulnerabilidades e oportunidades de melhoria para apoiar estratégias corporativas de segurança e eficiência operacional.

Metodologia da análise quantitativa dos indicadores de sinistralidade e conformidade operacional

A metodologia adotada é de caráter quantitativo e descritivo, baseada em dados reais obtidos pelo banco interno da Skymark Gerenciamento de Riscos. A amostra abrangeu seis clientes distintos e considerou o período de janeiro a agosto de 2025, contemplando três variáveis principais: taxas de sinistralidade, volume de viagens realizadas e índices de não conformidade (NCs). Os dados foram organizados em blocos comparativos entre as categorias analisadas, correlacionando o nível de gestão e a ocorrência de desvios. As análises foram complementadas com dados públicos da PRF (2025) e estimativas de impacto econômico provenientes de estudos setoriais e fontes oficiais.

Resultados do perfil de risco por tipo de condutor: frota, agregados e autônomos

A análise revelou que motoristas de frota apresentam risco baixo a moderado, sustentado por controle operacional rigoroso, treinamentos padronizados e protocolos corporativos de segurança. Os agregados exibem risco moderado a elevado, devido à menor padronização de práticas e variabilidade de treinamento. Já os autônomos representam o grupo de maior exposição, reflexo da ausência de supervisão direta, pressão econômica e adesão irregular aos protocolos. Nos volumes de até cinco viagens mensais, os motoristas autônomos dominam com 55% de participação, em virtude da flexibilidade e disponibilidade imediata. Contudo, à medida que o volume operacional aumenta, a participação dos autônomos cai para 18%, enquanto a frota corporativa cresce de 33% para 61%. Os agregados mantêm presença intermediária (12% a 21%), sem capacidade de suportar sozinhos grandes operações.

Discussão sobre como a maturidade na gestão de risco reduz acidentes e não conformidades

Os resultados indicam que a gestão de risco corporativa exerce papel determinante na redução de incidentes. Modelos de operação baseados em controle, padronização e treinamento contínuo apresentam desempenho superior em todos os indicadores avaliados. Por outro lado, a dependência crescente de autônomos e agregados, em virtude da escassez de mão de obra qualificada, cria um cenário de vulnerabilidade estrutural. A análise da PRF (2025) aponta que as falhas humanas, como distração e desobediência à sinalização seguem como as principais causas de acidentes em rodovias federais. Tais fatores podem ser mitigados com utilização de tecnologia com Gestão de Riscos e forte aplicação de Treinamentos.

Impacto Econômico e os custos dos sinistros rodoviários e efeitos da falta de gestão de risco

Em 2024, os sinistros rodoviários representaram um custo estimado de R$ 16 bilhões à economia brasileira. Os impactos se distribuem em três frentes principais: custos diretos (reparos, indenizações e multas contratuais), custos indiretos (perdas de produtividade e interrupções operacionais) e custos humanos (tratamentos médicos, afastamentos e sequelas permanentes). Uma única colisão pode custar entre R$ 85 mil e R$ 500 mil, variando conforme o tipo de carga e o dano logístico. Além disso, a rotatividade de motoristas, que pode chegar a 70% ao ano, agrava o quadro de exposição, elevando o índice de sinistros e a perda de produtividade.

Conclusão

A análise da Skymark confirma que o nível de maturidade da Gestão de Risco é o principal fator na mitigação de sinistros e não conformidades no transporte rodoviário. Empresas com estrutura corporativa consolidada (uso de frota) demonstram maior previsibilidade, enquanto operações dependentes de agregados e autônomos apresentam maior risco e instabilidade. Investir em tecnologia embarcada, capacitação contínua, políticas de retenção e análise de dados é fundamental para reduzir custos, preservar vidas e elevar o padrão de segurança operacional. A Skymark reforça seu compromisso com a inovação e com o desenvolvimento de soluções integradas que promovam eficiência, responsabilidade social e sustentabilidade no transporte de cargas no Brasil.

Referências

  • Polícia Rodoviária Federal (PRF). Relatório Estatístico de Acidentes em Rodovias Federais, 2025.
  • Skymark Gerenciamento de Riscos. Banco de Dados Interno – Análises Comparativas de Sinistralidade, 2025.
  • Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Custos dos Acidentes de Trânsito no Brasil, 2024.
  • CNT (Confederação Nacional do Transporte). Panorama do Transporte Rodoviário de Cargas, 2024.